Afinal, como a aprendizagem criativa consegue despertar a construção de conhecimento e torná-lo ainda mais significativo?
O ambiente escolar tem, dentre suas funções, o incentivo à socialização dos alunos. Estreitar relações interpessoais, estimular a cooperação, ensinando os alunos a trabalharem em grupo, criando laços e, assim, formas de empatia, conhecimento ao próximo e autoconhecimento. São várias as demonstrações dessa união, desde brincadeiras, até risadas, conversas ou o engajamento em algum projeto, a amizade entre nossos alunos acontece de maneira natural e saudável.
O bem-estar trazido por um ambiente em que todos trabalham em conjunto é completamente adequado para a liberdade do aprendizado. Desde o trabalho dos professores até mesas, cadeiras, iluminação, toda a infraestrutura, pontos pensados nos mínimos detalhes para possibilitar que a escola cumpra sua função social.
Sempre que pensamos em um ambiente de aprendizado, imaginamos um cenário de construção, engajamento e evolução. Na hora de montar esse ambiente, as dúvidas são muitas. Principalmente porque, entendendo que cada indivíduo tem vários e diferentes potenciais, não queremos continuar avaliando de forma limitada nossas crianças.
Focando no potencial dos alunos, o destaque é na aprendizagem criativa, que põe as crianças como protagonista do processo. Essa é uma experiência bastante rica, que pode ser desenvolvida através de metodologias de pensar brincando, onde os alunos soltam a imaginação, sentindo-se livres para montar seus projetos em colaboração uns com os outros.
Isso ocorre, entre outros motivos, porque a aprendizagem criativa está diretamente ligada ao “colocar a mão na massa”. Aguçando a curiosidade, em seu processo, desperta a criatividade e inventividade. A aprendizagem criativa engaja os alunos com o conteúdo dado em sala de aula e constrói conhecimento de forma ativa.
Consideramos que, para construir seu processo de aprendizagem, o estudante precisa aprender a planejar e pôr em prática suas ideias. As pinturas e momentos em que solta a sua inventividade na realidade é, para o aluno, o estabelecimento de um projeto pessoalmente significativo, ou seja, que esteja conectado com a sua personalidade, que necessita das suas escolhas, e por isso envolve prazer no que está fazendo.Beneficiar a autonomia do aluno é apenas uma das diversas qualidades de um ensino que prioriza a criatividade.
Mesmo que o professor detenha o conhecimento, é necessário saber transmiti-lo, considerando que cada aluno é um universo, um mundo que exige diferentes formas e técnicas de aprendizado. As Inteligências Múltiplas são um ótimo exemplo de percepção do quanto cada criança exige do professor uma forma diferente de encará-la, percebê-la e trabalhar com ela. Quando deixamos nossos estudantes livres, podemos mais facilmente entendê-los em sua totalidade. Todos nós, professores, independentemente da área que dominamos, somos capazes de levar a aprendizagem criativa para dentro da sala de aula, porque todos somos seres criativos. Para que a aprendizagem criativa estabeleça caminhos na sala de aula, é necessário primeiramente que ela estabeleça caminhos em nós.
Todos somos seres criativos, mas então, qual é a definição da aprendizagem criativa?
O matemático Seymour Papert propôs os primeiros debates sobre aprendizagem criativa. Ele desenvolveu a teoria com o apoio da equipe do MediaLab do MIT (Massachusetts Institute of Technology), juntamente com o grupo Lifelong Kindergarten.
Dentro da aprendizagem criativa, há o chamado 4Ps: projetos, parcerias, paixão e pensar, muito valorizados durante esse processo. São estratégias eficazes para tornar os conteúdos trabalhados em sala mais motivadores e instigantes. Esses quatro Ps são a base de possibilidades para construir, errar e reformular conhecimento de forma ativa em situações reais de aprendizagem.
A proposta de Papert afirma que o aluno terá um aprendizado mais duradouro e real se ele estiver inserido na formulação desse conhecimento e se esse conhecimento for pessoalmente significativo para ele, ou seja, se estiver de acordo com seus gostos e aspirações pessoais. Assim, estimulamos sua própria criação de soluções e, assim, seu engajamento e centralização no processo.
Os quatro Ps da Aprendizagem Criativa
Os pesquisadores definiram os princípios da seguinte forma (em inglês): Project, Passion, People and Play.
Projetos
Criar, imaginar e construir são aspectos importantes para o conhecimento. As crianças podem construir suas próprias soluções, por a mão na massa e criar seus caminhos em direção ao conhecimento. Com projetos engajadores, colocamos o estudante no centro do aprendizado.
Parcerias
O aprendizado nasce com pessoas contribuindo para os trabalhos umas das outras, com o compartilhamento de ideias e a colaboração. Nós sabemos que todos trabalhamos melhor em essa cooperação. Por isso, incentivamos nossos alunos a andar de mãos dadas e construir conhecimento juntos. Com o afeto típico de um lar, a escola se torna a segunda casa do seu filho.
Paixão
Quando os alunos trabalham em projetos que gostam, ficam mais engajados, felizes e persistem mais, além de absorverem mais conhecimento. Trabalhamos sempre com propostas que alegrem nossos estudantes, aliando o estudo às suas aspirações pessoais.
Pensar brincando
Repetir, testar, dar boas gargalhadas e trabalhar bem juntinhos são algumas das características que tornam divertido soltar a imaginação em novos projetos. Nós respeitamos a individualidade e construímos o processo de conhecimento de acordo com as nossas crianças. Sabemos que estamos estimulando o pensar brincando, prazeroso, eficaz e alegre.
A trajetória que Sidinei escolheu é só um dos caminhos possíveis para a aprendizagem criativa. Afinal, como incluir, na prática, a aprendizagem criativa no seu trabalho com a turma?
Quais projetos ajudam nossas crianças a dar liberdade a essa criatividade?
A velocidade do avanço tecnológico, a globalização, as mudanças constantes e cada vez mais aceleradas pela modernidade são só algumas características que tornam necessária a observação e aprimoramento dos métodos de ensino. Os profissionais sentem cada vez mais a falta do melhoramento, da atualização contínua e resultante das informações que chegam sempre e com grande rapidez. Seguindo essa necessidade de adaptação, uma das grandes iniciativas implementadas nos últimos anos é a Aprendizagem Criativa.
A aprendizagem criativa já é uma realidade em diversas partes do nosso país. Várias organizações e educadores compreendem sua importância. Pais, artistas, profissionais e empreendedores engajados podem inovar em suas abordagens empresariais ou educacionais utilizando as ferramentas que a aprendizagem criativa disponibiliza.
As experiências que envolvem experimentar, provar, escolher e colocar a mão na massa são parte da aprendizagem criativa, e podem ser observadas na cultura maker, iniciando com os desenhos, pinturas, brincadeiras, e evoluindo para robótica, programação, animações e desenvolvimento do raciocínio lógico etc. Para o aprendizado ser envolvente, devemos resgatar a infância, trabalhar com soluções de problemas e liberação da imaginação.
A Aprendizagem Criativa se sustenta no conceito de que o estudante construa a partir de uma experimentação ativa. Mas precisa ser sem estruturação prévia, de forma natural e liberta, como em um jardim de infância – é a ideia desenvolvida pelo MIT de um “jardim de infância para toda vida”. Na prática, é uma linha de aprendizagem que inicia com a imaginação, e então a criação, o compartilhar e o refletir, em um ciclo que volta para a imaginação e se torna contínuo. Assim, o aprendizado se torna mais rico e criativo, compartilhado com outras pessoas, evidenciando o comportamento em sociedade e a colaboração.
A ideia de pensar brincando é fundamental para o jardim de infância, pois é quando o aluno põe em prática o que aprendeu anteriormente, experimentando e vivendo o que viu em teoria. É a validação da criatividade e imaginação, desenvolvendo continuamente o conhecimento previamente adquirido e sentindo as novas informações chegarem.
Entendemos que, quando seu filho se senta para desenhar, pintar, construir com massa de modelar, ele está criando, sistematizando e pensando nos caminhos que percorrerá para chegar até o seu objetivo. Cada ação diferente com os dedinhos é de escolha própria, estimulando a autonomia e a liberdade.
A nossa escola também busca ajudar na comunicação dos alunos, ajudando-os a elaborar pesquisas, produzir conteúdo democrático, brincar com diferentes mídias, estimulando a produção jornalística e a fala, a conversa, a reflexão de conteúdos importantes para o presente e que serão de grande proveito no futuro. Dessa forma, os estudantes podem desenvolver, de maneira autônoma e colaborativa, habilidades críticas e criativas, utilizando também a tecnologia ao nosso favor.
É um trabalho orgânico, com modelos que prezam a mão na massa, a integração, a criatividade e a imaginação de forma lúdica, alegre e divertida – ou seja, a adequação à personalidade dos pequenos. Como escola, buscamos sempre novos caminhos para lidar com o novo contexto das famílias e crianças. Acreditamos que os princípios da Aprendizagem Criativa, de focar na expressão individual, na autonomia, e ao mesmo tempo na colaboração, união e afeto entre os pequenos, é capaz de criar cidadãos engajados, empáticos e conscientes. Assim, nossas crianças poderão lidar com os problemas usando os recursos que possuem para solucioná-los, tornando-se adultos realizados emocional e profissionalmente.